Por: Portal A TARDE / Aurélio Lima
Foto: Joa Souza | Ag. A TARDE |
O pedreiro e boxeador Ueliton de Jesus, de 28 anos, voltou da Argentina de bolsos vazios, apesar de ter conquistado lá o 'cinturão mundial' dos meio-médios.
A luta, válida pela Comissão Mundial de Pugilismo (WCP), sediada na própria Argentina, foi no último sábado, 4, contra o uruguaio Damian Posadas.
Segundo Daniel Fucs, comentarista de boxe da Sportv e ex-vice-presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), o adversário venceu apenas duas das cinco lutas que disputou. Já Ueliton tem um cartel de 19 lutas profissionais, 15 vitórias (onze por nocaute) e perdeu quatro vezes.
Alertado sobre o cartel do uruguaio, Ueliton deu de ombros. "O que eu sei é que ele é o segundo do ranking uruguaio e eu fui lá e fiz a minha parte. Venci por nocaute no 5º round".
Bolso vazio e polêmica
Mas ao ser indagado quanto faturou e se estava rico com a luta, Ueliton dá uma informação surpreendente: "Não ganhei nada. Nenhuma entidade de boxe paga". Para Daniel Fucs, as cifras seriam milionárias. "Um título mundial paga US$ 100 mil, US$ 300 mil ou US$ 1 milhão".
Em defesa do pupilo, o técnico Edson Dias disparou contra Fucs: "Ele faz parte do Conselho Mundial de Boxe, por isso não quer reconhecer o título da WCP", reclamou.
"Não ganhou nada porque o nosso objetivo era ganhar o título e conseguir patrocinadores. A WCP não paga, é assim o mundo do boxe", completou Dias.
Patrocínio
Ueliton e Dias viajaram com despesas pagas pelo Grupo Natulab, produtora de uma linha de suplementos para atletas. O boxeador garantiu o apoio por residir em Santo Antônio de Jesus, onde a empresa funciona.
O patrocínio será mantido para novas lutas. "Vou continuar treinando para defender o título e a possibilidade de disputar o titulo latino pela IBF (Federação Internacional de Boxe)", conta Ueliton.
Contudo, se o baiano puder brigar pelo cinturão latino, adiará a defesa. "Sei que o cinturão latino tem menos valor, mas é a chance de entrar na IBF", disse. A ideia de Ueliton é ir subindo degraus até poder disputar mundiais pela quatro principais representações internacionais: a Organização Mundial de Boxe (WBO, na sigla em inglês), Conselho Mundial de Boxe (WBC), Associação Mundial de Boxe (WBA) e Federação Internacional de Boxe (IBF).
A CBBoxe estranha o nome da WCP e o do próprio Ueliton. Diz haver dezenas de entidades dando títulos mundiais por categorias, mas só legitima as 4 principais representações mundiais: CMB, FIB, AMB e OMB.
Operário da construção civil, Ueliton tem um filho de três anos e uma filha de nove. Ele garante que vai abandonar a área e viver do boxe, apesar de voltar sem dinheiro e não ter salário de um patrocinador. "Sou pedreiro, eletricista e encanador, mas tenho outras fontes de renda e com o patrocínio que ganhamos, vou me dedicar apenas ao boxe".
Por: Portal A TARDE / Aurélio Lima